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Três Lagoas,30/01/2025

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Homenagem de Lula às vítimas do Holocausto surpreende, e Israel espera que Brasil volte a ter embaixador em Tel Aviv

Fonte: g1.globo.com
Homenagem de Lula às vítimas do Holocausto surpreende, e Israel espera que Brasil volte a ter embaixador em Tel Aviv

Posto está vago desde fevereiro de 2024, após escalada de crise diplomática entre os dois países. Mensagem oficial do governo sobre o Holocausto é vista como trégua. Diplomatas israelenses em missão no Brasil passaram a alimentar a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volte a designar um embaixador para a representação brasileira em Tel Aviv.
O posto está vago desde fevereiro de 2024, após a escalada da crise diplomática entre o governo brasileiro e o de Benjamin Netanyahu. O embate foi deflagrado depois de Lula comparar o que acontecia em Gaza ao Holocausto.
Se concretizada, a nomeação de um embaixador representaria uma reaproximação entre os dois países.
A possibilidade passou a ser cogitada após Lula emitir uma nota oficial por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na segunda-feira (27).
O posicionamento, publicado na esteira do cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, foi visto como uma espécie de “bandeira branca” e surpreendeu diplomatas israelenses que atuam no Brasil.
"Há exatos 80 anos, o campo de concentração de Auschwitz foi libertado. Auschwitz foi o palco de uma brutalidade indescritível, onde pereceram um milhão dos seis milhões de judeus que perderam suas vidas sob a barbárie do regime nazista de Hitler", diz a nota de Lula.
"Recordar seus horrores não é apenas um ato de memória, mas também um gesto de compromisso com a Humanidade diante dos perigos do extremismo que ressurge nos dias de hoje. Como presidente do Brasil, renovo meu compromisso com a luta contra o antissemitismo e contra todas as formas de discriminação", prossegue.
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Israel vê 'gesto positivo'
A nota foi recebida como um gesto positivo tanto pela Embaixada de Israel quanto pela comunidade judaica brasileira, afirma à Globonews o embaixador Daniel Zonshine.
"Acho que nós como diplomatas temos que procurar, como disse a secretária-geral do Itamaraty [Maria Laura da Rocha], as convergências e não as divergências", diz Zonshine.
Na fala citada pelo embaixador, a diplomata brasileira comentava a relação Brasil-EUA após a posse de Donald Trump.
"Temos algumas coisas protocolares em que podemos avançar. Espero até que o Brasil pense em um embaixador em Israel para melhorar o que temos que fazer. Nosso papel é aproximar —aproximar e representar—, e quando não tem embaixador, fica um pouco mais difícil", afirma Zonshine.
Atualmente, a embaixada brasileira em Israel é chefiada por um encarregado de negócios, o ministro-conselheiro Fábio Moreira Farias.
➕ Em termos diplomáticos, a ausência de um embaixador significa que não há uma interlocução no mais alto nível entre os dois países.
A mensagem de Lula também foi citada por Zonshine durante evento em memória ao Holocausto sediado na Embaixada da Alemanha, em Brasília, na noite de terça-feira (28). Em discurso aos presentes, o israelense disse que a declaração foi "importante" e "muito positiva".
Apesar do distanciamento entre os governos Lula e Netanyahu, os trabalhos da Embaixada de Israel no Brasil não foram interrompidos no último ano – e a representação mantém contato constante com o Ministério das Relações Exteriores.
Na semana passada, por exemplo, Zonshine se reuniu com a Secretaria de África e Oriente Médio do Itamaraty.
Desde que voltou à Presidência, em 2023, Lula nunca recebeu Zonshine para uma conversa. Já o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, foi recepcionado pelo petista em ao menos duas ocasiões após o início da guerra na Faixa de Gaza, de acordo com a agenda publicada pelo Palácio do Planalto.
Zonshine diz esperar que uma eventual reaproximação entre Brasil e Israel viabilize um encontro entre os dois.
"Espero que no futuro tenhamos a oportunidade. Eu vou terminar a minha missão aqui durante esse ano, então espero que [o encontro com Lula ocorra] antes disso", afirma o embaixador.
Relembre, no vídeo e no podcast abaixo, a fala de Lula sobre a guerra na Faixa de Gaza que levou Israel a declarar o brasileiro "persona non grata":
Lula é declarado 'persona non grata' em Israel
Críticas de ex-chanceler incomodaram brasileiros
No Itamaraty, a fala de Daniel Zonshine também é vista como um "sinal positivo" na tentativa de reaproximação entre os países.
Diplomatas ouvidos pela GloboNews afirmam, de forma reservada, que o atrito nunca foi com a Embaixada de Israel no Brasil, mas sim com o ex-chanceler israelense Israel Katz – hoje, titular do Ministério da Defesa de Israel.
Quando chefiava as relações exteriores, Katz usou as redes sociais para criticar o governo brasileiro. E, no ápice das hostilidades, chegou a levar o então embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, a uma "visita" ao Museu do Holocausto.
O gesto, à época, foi visto pelo governo brasileiro como uma tentativa de humilhar e constranger o diplomata. E foi o estopim para que o Brasil retirasse Meyer do posto, sem enviar substituto.
Segundo um diplomata ouvido pela GloboNews, a reaproximação deve se dar "passo a passo".
O foco do Brasil, no momento, está em defender o cessar-fogo na Faixa de Gaza – intermediado por Estados Unidos, Catar e Egito – e as medidas de reconstrução do território devastado pelo confronto.




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